sexta-feira, 8 de julho de 2011

DOENÇA DO BEIJO - mononucleose

EITA... Depois da semana do São João algumas "pessoas" apareceram com sintomas que me fizeram lembrar de uma doença muito comum após carnaval, são  joão (de Patos... rsrsrsrs)... etc... então... vamos esclarecer:

A mononucleose infecciosa é uma doença contagiosa, causada por um vírus da família do herpes chamado de vírus Epstein-Barr (EBV) e transmitida através da saliva. É mais comum em adolescentes e adultos jovens e se caracteriza pela tríade clínica de febre, dor de garganta e aumento dos linfonodos.

Transmissão da mononucleose infecciosa

O vírus Epstein-Barr é transmitido de humano para humano, através da saliva. Por esse motivo ganhou a alcunha de "doença do beijo". Além do beijo, pode-se contrair mononucleose através da tosse, espirro e objetos como copos e talheres. Apesar de se transmitir de modo semelhante a gripe, o Epstein-Barr é um vírus menos contagioso, o que faz com que seja possível haver contato com pessoas infectadas e não se infectar.

Um indivíduo infectado pelo EBV pode manter-se com o vírus na sua orofaringe por até 18 meses após a resolução dos sintomas, podendo contaminar pessoas que com quem mantenha algum contato íntimo, principalmente se prolongado. Em 2004 um trabalho demostrou que a maioria dos pacientes ainda tinha o vírus na sua orofaringe mesmo 8 meses após o fim dos sintomas.
Mononucleose - doença do beijoNa verdade, a maioria das pessoas que desenvolvem mononucleose não se recorda de ter tido contato com alguém doente, e a própria pessoa que transmite o vírus sequer imagina que ainda possa transmiti-lo.

Não é de se estranhar, portanto, que apesar da baixa infectividade, em alguns países mais de 90% da população adulta apresente sorologias positivas para EBV.

Na maioria dos casos, os pacientes têm contato com o vírus da mononucleose pela primeira vez ainda durante a infância.

Sintomas da mononucleose

Quando adquirida na infância, a mononucleose costuma passar despercebida. Menos de 10% das crianças infectadas apresentam sintomas. Essa incidência começa a subir com o passar dos anos, atingindo seu ápice entre os 15 e 24 anos. Esta é a faixa etária que mais costuma apresentar infecção sintomática. A mononucleose é rara após o 40 anos, uma vez que virtualmente todos neste grupo já terão sido expostos ao vírus em algum momento da vida.

Nas pessoas que desenvolvem sintomas, o período de incubação, ou seja, desde o contato até o aparecimento da doença, é em média de 4 a 8 semanas.
Mononucleose - sinais e sintomasO quadro clínico típico envolve febre, cansaço, dor de garganta e aumento dos linfonodos do pescoço (ínguas). É um quadro muito semelhante as faringites comuns causadas por outros vírus e bactérias. Outros sintomas inespecíficos como dor de cabeça, dores musculares, tosse e náuseas também são comuns.

Na mononucleose a fadiga costuma ser intensa e persiste por semanas após a resolução do quadro. O aumento dos linfonodos também é um pouco diferente da faringite comum, acometendo preferencialmente as cadeias posteriores do pescoço e frequentemente se espalhando pelo resto do corpo. Uma dica para o diagnóstico diferencial entre as faringites bacterianas e a mononucleose é o aparecimento de uma rash (manchas vermelhas) pelo corpo após o início de antibióticos, principalmente amoxacilina.
Mononucleose - rash

Outro sinal característico da mononucleose é o aumento do baço, chamado de esplenomegalia. Quando este ocorre, é necessário manter repouso, devido ao risco de ruptura do mesmo. A ruptura esplênica (ruptura do baço) é rara, mas quando acontece leva a risco de morte devido ao intenso sangramento que se sucede. O baço aumenta tanto de tamanho que pode ser palpável abaixo do gradil costal esquerdo.
Mononucleose - esplenomegalia O acometimento do fígado não é incomum, podendo levar a um quadro de hepatite com icterícia e aumento do fígado em até 20% dos casos. Outras complicações descritas, porém, menos comuns, são a síndrome de Guillain-Barré e a paralisia facial.
Um fato que causa confusão, inclusive entre médicos, é a diferença entre a doença mononucleose infecciosa e a síndrome de mononucleose. O primeiro é causado pelo Epstein-barr vírus e é o alvo de discussão deste texto. O segundo engloba todos os agentes etiológicos que podem cursar com dor de garganta, aumento de linfonodos, febre e aumento do baço. Entre eles destacam-se o HIV, citomegalovírus, linfomas e toxoplasmose. Portanto, ter mononucleose infecciosa é diferente de ter uma síndrome de mononucleose.

Diagnóstico da mononucleose

O diagnóstico é feito através do quadro clínico e confirmado por análises de sangue.

No hemograma da mononucleose um achado típico é o aumento do número de leucócitos (leucocitose), causado pela maior produção de linfócitos (linfocitose). Na faringite bacteriana, são os neutrófilos que encontram-se elevados.

Quando o fígado é acometido, pode haver elevação da TGO e TGP.

O diagnóstico definitivo, porém, é feito através da sorologia, com a pesquisa de anticorpos. O mais comum e simples é um exame chamado monoteste.

Tratamento da mononucleose

O tratamento baseia-se em sintomáticos e repouso. Não há droga específica para o vírus e o quadro costuma se resolver espontaneamente em 2 semanas.

Devido ao risco de ruptura do baço, recomenda-se evitar exercícios por pelo menos 4 semanas.

Durante muitos anos se associou a mononucleose com a síndrome da fadiga crônica. Porém, hoje sabe-se que a fadiga da mononucleose é diferente. O cansaço prolongado que pode ocorrer normalmente não vem associado com os outros sintomas da síndrome e normalmente ocorre por reativações mais fracas do vírus.

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