sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vacinas

Tipos de vacinas



As vacinas são geralmente administradas através de uma injeção hipodérmica, mas algumas são administradas através da boca ou nariz. Existem dois tipos principais de vacinas: vacinas de vírus vivos atenuados e vacinas de vírus inativados.
Vacinas de vírus vivos atenuados: a expressão vírus vivos atenuados basicamente significa que a vacina é feita com vírus vivos, mas que causam uma forma muito fraca da doença. Essas vacinas são produzidas com vírus que se reproduzem cerca de 20 vezes dentro do corpo. Para se ter uma idéia, os vírus que não passam pelo processo de atenuação se reproduzem milhares de vezes. Quando a vacina é fabricada, o vírus ou a bactéria são atenuados em laboratório até o ponto em que continuam vivos e capazes de se reproduzirem, mas que não possam causar doenças graves. Sua presença é suficiente para fazer com que o sistema imunológico produza anticorpos para combater a doença no futuro.
"As vacinas com vírus vivos atenuados podem causar doenças bem leves em uma proporção menor de pessoas", diz o Dr John Bradley, membro do comitê sobre doenças infecciosas da Academia Americana de Pediatria (AAP - American Academy of Pediatrics). "Os sintomas da doença são geralmente muito leves e limitados a uma febre baixa ou nariz escorrendo". O Dr Bradley também observa que de 5 a 10% das crianças que receberam a vacina contra a varicela (catapora), desenvolveram uma forma leve da doença, nada comparado à doença com a carga total.
Para enfraquecer o vírus, os cientistas devem isolá-lo de uma pessoa infectada. Eles então cultivam o vírus em um tubo de ensaio. Eles "passam" o vírus para um segundo tubo de ensaio e depois para um terceiro, para um querto tubo e assim por diante. Os cientistas realizam essa "passagem" várias vezes - o vírus do sarampo (em inglês) foi passado 77 vezes. O vírus é retirado periodicamente de dentro do tubo de ensaio para verificar se houve mutação. Finalmente, o vírus se acustuma a viver no ambiente confortável do tubo de ensaio e acaba perdendo sua capacidade de produzir a doença nos seres humanos. Essas passagens são realizadas em um ambiente muito controlado e da mesma maneira todas as vezes. Essa descoberta foi considerada um passo importante para o desenvolvimento das vacinas, de acordo com o Dr William Schaffner, professor e chefe do Departamento de Medicina Preventiva da Vanderbilt University School of Medicine.
Exemplos de vacinas vivas atenuadas são a MMR (uma vacina combinada para sarampo, caxumba (em inglês) e rubéola (em inglês), conhecida no Brasil como tríplice viral, e a vacina contra a varicela. 
Efeitos colaterais das vacinas
Como acontece com qualquer medicamento, existe sempre o risco de efeitos colaterais. Os efeitos colaterais das vacinas são geralmente bem leves e limitados a dores no local da injeção, dor de cabeça e febre baixa. Reações graves não são completamente impossíveis, mas são raras. Se você suspeitar de uma reação grave, ligue para seu médico imediatamente para uma avaliação.
Vacinas de vírus inativados: quando as vacinas inativadas são criadas, o vírus ou a bactéria são completamente mortos utilizando-se um elemento químico, geralmente, o formaldeído. Pedaços mortos de microorganismos que causam a doença (geralmente bactérias) são colocados na vacina. Como os antígenos estão mortos, a força dessas vacinas tendem a se desgastar com o tempo, resultando em imunidade com menor duração. Então, várias doses de vacinas inativadas são geralmente necessárias para fornecer a melhor proteção. O benefício das vacinas inativadas é que existe uma chance zero de desenvolver qualquer sintoma relacionado à doença. Reações alérgicas são possíveis, mas extremamente raras.
Os exemplos de vacinas inativadas são a da hepatite A (em inglês), hepatite B (em inglês), poliomelite, haemophilus tipo B (Hib), influenza, meningocóccica, pneumocóccica e a vacina da influenza.
Por que algumas vacinas são vivas e outras mortas?
"O importante é que a decisão seja inteiramente tomada em bases científicas", diz o Dr Schaffner. "Se os cientistas podem fazer uma vacina de vírus ou de bactérias inativadas que seja eficaz, essa é a melhor opção. É tudo uma questão de tentativa e erro". A maioria das doenças virais, ele diz, necessitam de vacinas de vírus vivos atenuados, mas a grande maioria de doenças bacterianas são prevenidas com vacinas inativadas. Apesar disso, existem algumas exceções a esta regra. 
  • Alguns turistas que vão para locais de risco tomam a vacina para prevenir a febre tifóide (em inglês). Existem formas atenuadas e inativadas dessa vacina.
  • raiva (em inglês) é uma infecção viral que é 100% fatal uma vez que progredir. A doença é muito perigosa para que se possa usar uma vacina de vírus atenuado. Felizmente, a ciência conseguiu desenvolver uma vacina inativada contra a raiva.
·         Componentes da vacina



·         Diferente do antígeno, alguns itens devem ser incluídos na vacina para que ela seja eficiente. As exigências variam dependendo da vacina específica, mas a essência é a mesma.
·         A vacina deve ser estável porque deixa a fábrica, é transportada em caminhões e assim por diante. Às vezes, alguns elementos químicos são adicionados para agirem como estabilizadores para que o material da vacina permaneça adequado. Esses elementos químicos são completamente regulamentados pelo FDA (órgão responsável pela aprovação de novos medicamentos) americano para garantir que sejam utilizados de forma segura, mas, geralmente, presentes somente em quantidades pequenas.
·         Em ampolas com várias doses, é necessário utilizar um conservante. Isto ocorre para que cada vez que uma dose seja removida, qualquer material estranho que entre seja eliminado instantaneamente. Tradicionalmente, o Timerosol é a substância mais popular entre os cientistas. Entretanto, a indústria acabou por abandonar a maior parte de sua utilização deviso às preocupações com a possibilidade reações adversas (leia a seção Mitos das vacinas ainda neste artigo). Na verdade, as ampolas com várias doses estão sendo substituídas por ampolas com doses únicas, apesar de serem mais caras. O Timerosol está presente somente em quantidades pequenas na vacina influenza, mas isso será coisa do passado em alguns anos.
Processo de produção da vacina
O processo de criar, testar e produzir uma vacina em massa pode levar muitos anos porque é um processo altamente complexo. Antes mesmo de os cientistas começarem a formular a vacina, os pesquisadores têm que estudar o vírus ou bactéria em particular. Basicamente, eles têm que isolar o vírus em um ambiente de laboratório e descobrir como ele provoca a doença. Eles, então, desenvolvem a vacina como atenuada ou inativada, dependendo do tipo de vírus ou de bactéria.
Uma vez que eles tenham tido uma boa resposta de ação delas, os pesquisadores estudam a melhor maneira de proteger as pessoas das doenças usando a vacina que desenvolveram. Eles imaginam as melhores dosagens, se uma aplicação é o suficiente ou não, etc. Eles também estimam quanto tempo a proteção da vacina dura para determinar se serão necessárias mais aplicações. A maioria das pesquisas recentes são realizadas em laboratórios em ambiente acadêmico e são pagas por uma fundação ou pelo governo.
Uma vez que a vacina tiver sido desenvolvida, o processo de teste é realizado em quatro etapas que podem durar vários anos. Essa fase de testes é patrocinada por empresas farmacêuticas e pode custar centenas de milhões de dólares.
1.    Os primeiros estudos geralmente testam as vacinas em centenas de adultos saudáveis com baixo risco de complicações. Os pesquisadores pretendem determinar se a vacina é segura e se apresenta a resposta imunológica necessária para combater a doença. Se essa fase não tiver sucesso, a vacina volta para fase de desenvolvimento ou é abandonada.
2.    Se a Fase 1 tiver sucesso, a vacina vai para a segunda fase do estudo, que envolve algumas centenas de pessoas do grupo que deve ser vacinado. Por exemplo, a vacina da catapora (em inglês) nessa fase foi, provavelmente, testada em crianças porque elas são o público alvo. A vacina é testada em centenas de pessoas para, novamente, garantir a sua segurança. Os pesquisadores também desejam se certificar de que a vacina causa, de forma consistente, a resposta imunológica desejada.
3.    A terceira fase pode levar vários anos e os estudos são realizados em vários locais com milhares e até dezenas de milhares de pessoas com variados estilos de vida e de diferentes localidades geográficas. Os pesquisadores querem ter certeza de que a vacina funciona em pessoas de todos os tipos e em todos os ambientes. O FDA revisa todos os dados e a metodologia de estudo. Se tudo estiver satisfatório e o FDA considerar a vacina segura, ela é submetida a um conselho de peritos em vacinas que dão seus pareceres ao CDC. Os peritos então distribuem suas recomendações sobre as dosagens, quem deve receber a vacina, quando deve ser aplicada, etc.
4.    Mesmo depois que a vacina tiver sido distribuída, ela ainda necessitará de mais algum tempo de estudo para assegurar que nenhum efeito colateral não previsto possa ocorrer. O CDC monitora a vacina e possíveis efeitos colaterais bem de perto em quatro tipos de estudo:
1.    áreas especialmente predispostas à doença são monitoradas de perto. Todas as pessoas que receberam a vacina são monitoradas de perto. Os resultados são relatados ao CDC;
2.    o CDC fica atento a qualquer ocorrência da doença nos EUA. Se qualquer efeito estranho da doença ocorrer após a aplicação da vacina, deve-se descobrir se a vacina e os efeitos estão relacionados;
3.    profissionais de saúde ou consumidores que acreditam que um efeito colateral decorrente da vacina ocorreu em algum lote, podem enviar um relatório através do  Vaccine Adverse Events Reporting System (Sistema de Relatório de Eventos Adversos de Vacinas). Esses dados são continuamente monitorados para identificar essas ocorrências;
4.    o  Vaccine Safety Datalink Project (Projeto de Unificação de Dados de Segurança das Vacinas) fornece dados sobre milhões de pessoas em relação aos seus históricos de vacinas e registros médicos (se tiveram ou não efeitos colaterais). Isto é cuidadosamente monitorado pelo National Center for Health Statistics' Research Data Center (Centro Nacional das Estatísticas de Saúde) para se certificar de que a maioria dos efeitos colaterais ou riscos de saúde não estejam ocorrendo.
Vacinação



­Bebês e crianças pequenas sempre foram o alvo preferencial da vacinação. Entretanto, os peritos em saúde pública desejam ter certeza de que os adolescentes, adultos e idosos estejam em dia com suas imunizações.
"As vacinas não são só para os bebês", diz Angie Matthiessen, Mestre em Trabalho Social do Immunize Georgia (Imunize a Geórgia) e da Children's Healthcare of Atlanta (Cuidados com a Saúde das Crianças de Atlanta). "Muitas vacinas para adolescentes e adultos estão agora no mercado, geralmente, para proteger os mais novos e os mais idosos".
Consulte seu médico regularmente para ficar em dia com as vacinas. Muitos convênios (em inglês) cobrem a maioria das vacinas porque consideram necessárias as medidas preventivas. Geralmente clínicas oferecem vacinação por uma pequena taxa.
Nos EUA, alguns médicos podem vacinar crianças como parte do Programa de Vacinas para Crianças (Vaccines for Children Program) gratuitamente ou por uma pequena taxa. As crianças com menos de 18 anos serão selecionadas quando enquadradas em pelo menos uma das seguintes categorias:
  • Medicaid (programa de assistência aos pobres)
  • sem cobertura, sem convênio (em inglês)
  • com cobertura parcial (o convênio não cobre as vacinas)
  • índio americano ou nativo do Alasca (Indian Health Services Act/Lei dos Serviços de Saúde para Índios) [Fonte: CDC (em inglês)]
As exigências das escolas em relação às vacinas variam de estado para estado nos EUA. As exigências para cada estado podem ser verificadas aqui.
As exigências para viajar são bastante limitadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS), através de suas Regulamentações sobre Saúde Internacional, declara que a vacinação contra a febre amarela (em inglês) é necessária para viajar para determinados países tropicais da América do Sul (em inglês) e para a África (em inglês) subsaariana. O governo da Arábia Saudita exige que os visitantes recebam a vacinação meningocócica se visitar o país durante o Hajj (peregrinação realizada à cidade santa de Meca). Se não se encaixar nesses casos, o CDC recomenda que todos os viajantes internacionais estejam em dia com as vacinas regulares. Se os viajantes precisam ou não de vacinas extras, vai depender de fatores como o país de destino, época do ano e se áreas rurais serão visitadas. O CDC fornece uma lista completa de destinos para os viajantes.
Mitos das vacinas
MITO: as vacinas causam autismo.VERDADE: "estudos mostraram que não existe ligação entre as vacinas e o autismo", diz Angie Matthiessen da Children's Healthcare of Atlanta. Esse mito ganhou popularidade quando crianças foram diagnosticadas com autismo na mesma época em que receberam a vacina MMR (tríplice, por volta dos 18 meses de idade), de acordo com Joyce Allers, Enfermeira chefe também do Children's Healthcare of Atlanta. Naquela época, o conservante Timerosol, que continha mercúrio, estava sendo colocado nas vacinas para evitar que as bactérias crescessem. Muitas pessoas ligaram isso ao autismo. Entretanto, nunca foi comprovada a ligação entre o Timerosol e o autismo. O Timerosol foi completamente removido de todas as vacinas das crianças nos EUA em 2001 e, ainda assim, as taxas de autismo continuam a crescer. O Timerosol está presente somente em pequenas quantidades na vacina da influenza.
MITO: as vacinas não são mais necessárias porque todas as doenças estão desaparecendo.VERDADE: de acordo com o CDC, se nós interrompermos a vacinação, várias doenças desconhecidas voltariam com muita força. A única doença evitável através de vacina que foi completamente banida é a varíola. "Essas doenças estão chegando ao nosso país, nas nossas escolas e no nosso local de trabalho", diz Matthiessen. "Não acredite que seu filho está 100% protegido porque a doença não existe atualmente nos Estados Unidos. Viagens internacionais e adoção (em inglês) são duas das maneiras com que doenças perigosas podem entrar no nosso país".
MITO: os bebês são muito frágeis para receberem tantas injeções.VERDADE: "vários pais jovens estão preocupados com a administração de tantas injeções em seus bebês, pensando que elas sobrecarregarão o sistema imunológico dos filhos", diz Allers. "Eu digo a eles que como seres humanos nós somos expostos a doenças o tempo todo, como no shopping ou na igreja, então não podemos sobrecarregar nosso sistema imunológico". De acordo com o Children's Hospital of Philadelphia's Vaccine Education Center, as doenças geralmente ocorrem em recém-nascidos, então a melhor maneira de prevenir é administrar as vacinas o mais rápido possível após o nascimento. "Nós temos uma história maravilhosa sobre a prevenção de doenças, mas o que nos preocupa é que todo o progresso favorável que tivemos será diminuído por famílias que escolhem seu próprio calendário de vacinação ou que preferem não vacinar seus filhos", diz Allers.
MITO: uma vacina de vírus atenuados pode me passar uma doença que deveria prevenir.VERDADE: as vacinas de vírus atenuados podem causar sintomas extremamente leves. Entretanto, os especialistas concordam que eles são muito menos intensas que os que viriam com a doença sem proteção.