sexta-feira, 16 de março de 2012

Insônia

A insônia é a dificuldade de iniciar o sono, mantê-lo continuamente durante a noite ou o despertar antes do horário desejado. Se considerarmos apenas esses sintomas, cerca de 95% das pessoas já apresentaram insônia uma vez na vida, segundo The Gallup Organization. Obviamente que na maioria das vezes a ocorrência de insônia é breve e não traz problemas clínicos ao indivíduo. Os insones, geralmente, se queixam que demoram para pegar no sono ou que despertam muito cedo e não conseguem mais conciliar o sono ou ainda dizem que o sono é de qualidade pobre.
Estes episódios de insônia podem estar relacionados a vários fatores, e são bastante individuais: expectativas (viagem, compromissos, reuniões, prova, etc.), problemas clínicos, problemas emocionais passageiros, excitação associada a determinados eventos, etc.
Na maioria dos casos, pelo menos um dos sintomas diurnos abaixo é relatado: fadiga; déficit de atenção, concentração e memória; disfunção social e/ou baixa produção escolar; distúrbio do humor e irritabilidade; sonolência diurna; redução de energia para as tarefas diárias e desmotivação; predisposição a erros e acidentes no trabalho e no trânsito; tensão, dor de cabeça ou sintomas gastrintestinais devido à perda de sono e estresse e preocupação sobre o sono.
Uma forma mais técnica de definir a insônia seria separando aqueles casos mais passageiros, que podem até necessitar de tratamento, mas por no máximo uma semana, daqueles casos considerados crônicos.
Os critérios utilizados são o de tempo, freqüência e período, ou seja, o tempo que o indivíduo demora para dormir ou voltar a dormir deve ser superior a 30 minutos, e esta dificuldade em iniciar ou manter o sono deve ocorrer pelo menos 3 vezes por semana e já deve estar ocorrendo há pelo menos 6 meses. É a regra TFP: Tempo (> 30 min para dormir ou ‘redormir’); Freqüência (≥ 3 vezes por semana; Período (seis meses ou mais).
Quando usamos a regra TFP, a prevalência de sintomas mais graves de insônia gira em torno de 20%. Se ainda exigirmos que o paciente apresente sintomas diurnos supostamente decorrentes da insônia (cansaço, mal-estar, humor lábil, cabeça pesada, dificuldade de memória), a prevalência cai para cerca de 10%. Insônia + sintomas diurnos são às vezes chamados síndrome da insônia.
A insônia é mais comum em mulheres e, segundo estudos, não há influência da idade na ocorrência de distúrbio do sono. Também atinge mais os conjugalmente separados e os desempregados. Entre os que se encontram empregados, os que trabalham em turnos ou se envolvem intensamente com o trabalho, tendem a ter mais insônia.
A insônia também é comum em crianças e adolescentes. Cerca de 11% dos adolescentes referem-se como maus dormidores. As principais causas são os horários irregulares, início de preocupações, estresse, e o natural atraso de fase a que estão expostos.
As crianças também podem ser afetadas pela insônia, principalmente aquelas que passaram por alguma doença e necessitaram de maior atenção familiar. Após o fim do período de doença, a criança e os pais podem ter aprendido hábitos inadequados de sono, como por exemplo atender a criança toda vez que ela desperta no berço. Geralmente, os pais se mostram bastante ansiosos, e perpetuam hábitos de pegar no colo e balançar a criança quando ela desperta à noite. Estes comportamentos tornam-se duradouros e mantêm a insônia.
Fatores que levam à insônia
A insônia está associada a múltiplos fatores e muitas vezes estão somados em um mesmo paciente. Algumas pessoas apresentam estruturalmente maior propensão à insônia (são os fatores predisponentes), e quando expostas a condições de estresse, doenças ou mudança de hábitos, desenvolvem episódios de insônia (fatores precipitantes). Estes episódios de insônia podem se perpetuar, principalmente porque o paciente tende a associar suas dificuldades de dormir a uma série de comportamentos: esforço para dormir, permanência na cama só para descansar, elaboração de pensamentos e planejamentos, atenção a suas preocupações, atenção a fenômenos do ambiente, como ruídos e pessoas que estão dormindo, havendo sempre uma hipervalorização destes fatos, o que realimenta a insônia.
Na insônia, o paciente encontra-se com o grau de alerta elevado (hiperalerta), o que significa que a temperatura de seu corpo é maior, o ritmo cardíaco está mais elevado e os hormônios como cortisol e adrenalina (hormônios associados ao estresse) estão mais altos no sangue e na urina.
Uma maneira de sintetizar os diversos fatores associados à insônia é defini-la como uma desordem resultante do hiperalerta, o qual pode ser:
  1. Fisiológico: temperatura, hormônios;
  2. Cognitivo (pensamento dependente): ruminação de pensamentos à noite, preocupações, os quais podem agir como fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes (atenção seletivamente dirigida ao tempo (relógio), aos problemas de sono à noite e a suas conseqüências durante o dia);
  3. Comportamental: práticas sono-inibidoras, como horários irregulares de deitar-levantar, uso de álcool, alimentação noturna copiosa, alimentos estimulantes (chá, café, chocolate, guaraná, coca-cola), assistir TV no quarto, etc.);
  4. Neurocomportamental: a atividade elétrica do cérebro dos pacientes com insônia apresenta diferenças (apresenta aumento dos ritmos mais rápidos chamados beta), o que permite que acordem mais facilmente, tenham mais memória para os fatos ocorridos à noite e permite que o paciente volte mais facilmente a pensar em suas preocupações.
Tratamentos da insônia
O tratamento da insônia pode necessitar do concurso de outros profissionais. O paciente é visto por neurologistas, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, etc. O tratamento envolve a utilização de medicações, mas na maioria das vezes o primeiro passo é a retirada de remédios que estão sendo usados incorretamente.
No Departamento Neuro-Sono da Universidade Federal de São Paulo, por exemplo, o paciente é visto por um psicólogo, o qual iniciará uma terapia comportamental cognitiva específica para pessoas com insônia. Esta técnica consiste em medidas que visam organizar horários e hábitos do paciente que são incompatíveis com um sono saudável (uso de alimentos estimulantes, álcool, alimentação noturna copiosa, entre outros); abolir estímulos desagradáveis associados com a insônia, como por exemplo o quarto e a cama, que com os meses ou anos de insônia passam a ser um local de tortura e não de descanso e prazer, associados à recuperação de nossa vitalidade para o dia-a-dia; técnicas de relaxamento orientadas por fisioterapeutas; orientação cognitiva para redução de preocupações associadas ao sono ou ao horário de dormir. O paciente com insônia perde a confiança em sua capacidade de dormir, e muito freqüentemente acha que nunca mais conseguirá voltar a dormir como antes.
Um aspecto de extrema importância é a atenção às preocupações e tensões que o paciente esteja vivenciando. Esta é uma marca da insônia. O paciente precisa ser educado ou treinado a não ficar elaborando suas dificuldades próximo ao horário de dormir, ou ainda durante a noite, quando acorda. Todos acordam durante a noite, mas voltam a dormir quase que imediatamente, sem sequer lembrar disso no dia seguinte. O paciente com insônia “aproveita” esses despertares para se dedicar aos seus problemas.
Ao acordar, “tudo volta à cabeça”, dizem. O terapeuta envolvido com o paciente utilizará recursos para evitar que o paciente se envolva com suas preocupações diárias na hora de dormir. Assim, por exemplo, se o paciente acordar e não conseguir voltar a dormir brevemente, deverá sair da cama e ir a um outro recinto ler ou ouvir música. Não poderá aproveitar o tempo para planejar as coisas do seu trabalho. Aquele tempo tem que ficar bem claro para o cérebro que é para dormir. Com pouco tempo o paciente desaprende esta má prática e concilia o sono.
Ronco
Um sintoma muito característico de distúrbio de sono é o ronco. O ronco ainda hoje é interpretado popularmente como sinal de que o indivíduo dorme bem, mas é justamente o contrário. Quem ronca força sua musculatura respiratória para além de seus limites, e sobrecarrega o coração de trabalho. Ao longo do tempo, o indivíduo que ronca pode ficar hipertenso e/ou apresentar infarto do miocárdio ou derrame cerebral.
O ronco primário caracteriza-se pelo som alto emitido pela respiração durante o sono e pela ausência de apnéias, hipoventilação ou microdespertares. É reconhecido como precursor da síndrome da apnéia obstrutiva do sono. É extremante comum e acomete mais de 40% dos adultos, depois de 40 anos de idade. É promovido e intensificado quanto maior a queda do tônus muscular durante o sono e conseqüente diminuição do diâmetro da faringe (garganta). Isso gera um aumento na velocidade do ar, que pode promover a vibração de estruturas moles da garganta e provocar o conhecido som do ronco.
No passado, o ronco era encarado como motivo de riso, mas hoje passou a ser um problema social sério, que pode colocar um ponto final no relacionamento de muitos casais, ou ainda aumentar a chance do parceiro de desenvolver quadro de insônia e/ou depressão, embora não se constitua num motivo de incômodo para o próprio roncador.
Os sinais e/ou sintomas são: obesidade, memória, cognição, libido, disfunção erétil (impotência), pescoço grosso, perímetro abdominal elevado, boca pequena, queixo para traz, amígdalas grandes.
Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS)
A apnéia obstrutiva do sono caracteriza-se pela obstrução da via aérea ao nível da garganta durante o sono, levando a uma parada da respiração, que dura em média 20 segundos. Após esta parada no fluxo de ar para os pulmões, o paciente acorda, emitindo um ronco muito ruidoso.
A apnéia obstrutiva do sono pode ocorrer várias vezes durante a noite, havendo pacientes que apresentam uma a cada um ou dois minutos. Durante a apnéia, a oxigenação sangüínea pode cair a valores críticos, expondo o paciente a problemas cardíacos.
A apnéia obstrutiva do sono ocorre em cerca de 5% da população geral, mas esta cifra aumenta muito quando consideramos faixas etárias acima de 50 anos de idade, onde pode ocorrer em cerca de 30% ou mais dos indivíduos. Os homens são mais propensos a apresentar apnéia obstrutiva do sono. A suspeita de apnéia obstrutiva do sono depende da queixa de ronco e outras variáveis clínicas, como sonolência durante o dia, problemas de memória, pressão alta, alterações da glicose sangüínea, obesidade, queixo e/ou boca pequena (retrognatia), redução de libido e mesmo impotência.
Os aparelhos intra-orais vêm desempenhando um papel importante no tratamento de pacientes com quadro de SAOS de grau leve a moderada com índice de apnéia-hipopnéia de até 30 eventos por hora de sono. Esses dispositivos intra-orais são desenhados com a finalidade de aumentar o espaço aéreo faríngeo através da protrusão mandibular ou lingual e do aumento do tônus muscular, principalmente do músculo genioglosso. Essa promissora alternativa para o uso do aparelho tem tratado muitos pacientes com SAOS na última década em todo o mundo. Eles são indicados para tratamento de ronco simples, dos quadros leves e moderados de apnéia.
No geral, os distúrbios respiratórios do sono são acompanhados de sonolência excessiva diurna, cansaço, comprometimento da memória e atenção, falta de disposição, irritabilidade, quadros depressivos, aumento do risco de acidentes com automóveis. E ainda comprovadamente pode levar a perda cognitiva, queda na qualidade de vida, hipertensão, insulino-resistência, arritmia, infarto, acidentes vasculares cerebrais.
Em longo prazo, pacientes com apnéia obstrutiva do sono podem desenvolver doenças nas artérias, pois estão submetidos a uma inflamação subclínica (perceptível apenas através de exames laboratoriais), facilitando acúmulo de colesterol na parede das artérias, além de precipitar a ocorrência de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame). Também pode se desenvolver a síndrome metabólica, que é a ocorrência de distúrbios dos lípides e glicose sangüínea, hipertensão arterial e aumento da circunferência abdominal. Quem apresenta esta síndrome tem uma tendência maior a ter infarto do miocárdio e AVC.
Síndrome das Pernas Inquietas
A síndrome das pernas inquietas é a mais comum das doenças do sono, da qual poucos ouviram falar. Afeta cerca de 7% da população e se caracteriza principalmente por uma profunda sensação desagradável nas pernas, nos ossos e, às vezes, como se fosse uma coceira ou friagem, choque, formigamento, e eventualmente dor. Estes sintomas são acompanhados de uma sensação de angústia e imensa necessidade de mover as pernas, ou ainda massageá-las, alongá-las ou mesmo espancá-las em algumas situações.
Os sintomas ocorrem principalmente na hora de se deitar, mas podem ocorrer em qualquer momento em que o indivíduo fica parado (sentado ou deitado), seja para descansar ou qualquer outra atividade que não exija movimentos. Os sintomas da síndrome das pernas inquietas podem ser tão intensos que o paciente não consegue iniciar o sono.
Alguns pacientes quando dormem apresentam abalos nas pernas (chutes) durante quase toda a noite. Isto não deve ser confundido com SPI, assim como não é SPI o comportamento de algumas pessoas caracterizado por movimentos repetitivos das pernas ou pés, os quais podem ser apenas maneirismos ou estratégias para aumentar o grau de alerta após uma noite mal dormida.
Sono insuficiente
O sono insuficiente é uma doença decorrente do comportamento do próprio indivíduo, que voluntariamente reduz seu período de sono. As causas são muito variadas para tal comportamento, mas é comum a tentativa de conciliar o trabalho diurno com o estudo noturno. A pessoa passa a dormir menos que o necessário para suas necessidades de sono, e após algum tempo começa a manifestar sonolência diurna, falta de atenção e memória, cochilos indesejáveis, mau rendimento escolar e no trabalho, por exemplo. A solução é simples: deve-se dormir mais.
O atraso de fase do sono caracteriza-se pelo atraso no horário de dormir, ou seja, são pessoas que tendem a dormir muito tarde, normalmente após as 2 horas da madrugada. Como não conseguem dormir mais cedo, são confundidos com os portadores de insônia.
EXAMES DO SONO
Polissonografia
O exame é realizado durante uma noite inteira de sono. O paciente é encaminhado ao laboratório de sono, onde vários fios são conectados ao paciente em um computador que registra todos os fenômenos importantes relacionados ao sono. O exame fornece dados claros sobre as fases de sono pelas quais o indivíduo passou naquela noite, sobre o padrão respiratório, evidenciando a presença de ronco e/ou apnéia, sobre quantas vezes o indivíduo despertou, sobre como variou a oxigenação do sangue durante toda a noite, sobre a presença e tipo de arritmias cardíacas, sobre movimentos das pernas, etc.
Embora a polissonografia seja atualmente o exame padrão para o diagnóstico dos distúrbios respiratórios do sono (ronco e apnéia), infelizmente ainda tem custo elevado, requer pessoal altamente treinado, equipamentos sofisticados e toma uma ou mais noites inteiras de gravação, o que muitas vezes dificulta e atrasa o diagnóstico. A vantagem desse exame é que faz diagnóstico diferencial entre a síndrome da apnéia obstrutiva do sono e outros distúrbios do sono com quadros clínicos semelhantes, como apnéia central, síndrome dos movimentos periódicos dos membros e narcolepsia.
Tipos de Tratamentos
Os tratamentos atuais para os Distúrbios do Sono incluem: procedimentos cirúrgicos; técnicas pouco invasivas como os aparelhos intra-orais e CPAP (Contínuos Positive Airway Pressure), mudanças comportamentais, conhecidas como Higiene do Sono; algumas opções medicamentosas; redução e controle do peso;
Cirurgia
O planejamento cirúrgico deve-se iniciar com uma minuciosa investigação da possível região ou regiões de obstrução da via aérea durante o sono. Três segmentos podem estar envolvidos: nariz, o palato mole (céu da boca) e a base da língua. O especialista do sono escolhe uma técnica cirúrgica específica que trate da estabilização da via aérea em cada área, após a identificação da região potencialmente mais propensa à obstrução durante o sono.

Aparelho Intra-Oral

Aparelho intra-oral é uma designação genérica bastante utilizada na medicina do sono para se referir aos vários modelos de aparelhos, que inseridos no interior da cavidade oral durante o sono, alteram a posição da mandíbula, o tônus muscular da língua, do palato mole e outras estruturas musculares. O objetivo desse tratamento é de inibir e aliviar o ronco, diminuir o número de ocorrências de hipopnéias e das apnéias obstrutivas do sono.
CPAP (Continuous Positive Airway Pressure)
O CPAP é um equipamento capaz de evitar o colapso da via aérea, baseado na emissão contínua de ar sob pressão positiva. Este é o tratamento de primeira escolha pelos especialistas, indicado para 85% dos pacientes por causa da sua eficácia e pelo alívio instantâneo para a maioria dos pacientes.
Higiene do Sono (Terapia Comportamental)
A Higiene do Sono não é um tratamento específico, mas um conjunto de regras comportamentais que quando observadas pelo paciente durante o dia, pode potencializar o sucesso de qualquer outro tratamento. Isso vem sendo utilizado nos últimos 30 anos de desenvolvimento da medicina do sono.
Um estilo de vida saudável pode resumir a higiene do sono, incluindo a abstinência ao fumo e ao álcool, uma dieta balanceada e pouco calórica associada a exercícios físicos orientados e rotineiros que estimulam a perda de peso e melhoram a qualidade de vida do paciente.
É importante que o paciente defina, dentro da sua rotina, o horário de deitar-se e levantar-se com um número de horas de sono adequadas por noite, uma vez que a privação de sono afeta o paciente com distúrbio em pelo menos duas maneiras: aumenta a sonolência diurna e diminui a qualidade de funcionamento do drive respiratório, o que piora o quadro.
A posição do corpo durante o sono também se constitui em uma das orientações dentro do conjunto da higiene do sono. Em muitos pacientes, a freqüência de eventos dos distúrbios é maior durante o sono na posição supina do que em decúbito lateral. Tem sido demonstrado que a colapsabilidade (tendência a obstrução) da via aérea não está imediatamente relacionada aos estágios, mas sim a posição do corpo durante o sono, que pode ser critica durante o Sono REM (quando o corpo se encontra relaxado). Com evidência disso, a pressão utilizada nos CPAPs para pacientes em decúbito dorsal tem que ser maior que aquela utilizada para no mesmo paciente em decúbito lateral.
A conscientização do paciente com o seu problema de saúde e seu empenho em mudar alguns hábitos diários no sentido de melhorar seu quadro clínico, tem sido demonstrada como parte importante em qualquer tipo de estratégia escolhida no tratamento.

Perda e controle do Peso

O aumento de peso é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento dos distúrbios, principalmente porque o acúmulo de tecido adiposo nas paredes da faringe diminui seu diâmetro, o que promove com mais facilidade a obstrução da faringe (garganta) durante o sono.
A perda de peso deve ser recomendada a todos os pacientes com distúrbios do sono com IMC acima de 25 kg/m². Uma perda de 10% no peso já promove melhoras no quadro clínico. Infelizmente somente de 5 a 10% dos pacientes que conseguem redução de peso, mantêm essa perda a médio e longo prazo.

Estágios do Sono

Estágio 1. Fechar os olhos é o primeiro passo para o estágio ou fase 1 do sono se iniciar. Este estágio representa a transição da vigília para o sono e pode durar de alguns segundos até três minutos.
O primeiro estágio é caracterizado por relaxamento muscular, respiração uniforme, movimentos oculares lentos e intermitentes. O eletroencefalograma mostra uma atividade cerebral mais lenta comparado ao estado de vigília. Grande parte das pessoas diz ter consciência nesta fase e podem registrar os sons que ocorrem no ambiente e lembrar-se deles depois, por isso é considerado um estágio de quase sono ou mesmo de transição.
Estágio 2. Neste estágio requer um estímulo mais forte para que o indivíduo desperte. Essa fase ocorre ao longo da noite, somando de 45% a 55% do tempo total do sono.
Estágio 3 e 4. O estágio 3 dura apenas alguns minutos, constituindo de 3% a 8% do tempo de sono e é considerado um estado de transição para o estágio 4. Na quarta fase, há uma diminuição dos débitos cardíacos, freqüência cardíaca e a pressão arterial média.
Estágio REM. O sono REM tem seu primeiro período na noite de sono cerca de 60 a 90 minutos após ter iniciado o sono. Este estágio é caracterizado pelos movimentos rápidos dos olhos, ocorre em ciclos de 90 minutos em um adulto jovem e a cada ciclo a duração tende a aumentar, o que resulta em maior quantidade de sono REM no final da noite.
É no estado de sono REM que habitualmente acontece a maior parte dos sonhos, podendo ser definido como uma fase em que todos os músculos do organismo, exceto o diafragma e músculos oculares, encontram-se em extremo relaxamento (hipotônicos).

Câncer de Pâncreas

Os tumores de pâncreas mais comuns são do tipo adenocarcinoma (que se origina no tecido glandular), correspondendo a 90% dos casos diagnosticados. A maioria dos casos afeta o lado direito do órgão (a cabeça). As outras partes do pâncreas são corpo (centro) e cauda (lado esquerdo).

Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença.

Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da idade: de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80 e 85 anos. A incidência é mais significativa em homens.

Estimativas de novos casos: 9.320 (2009)

Número de mortes: 6.715, sendo 3.336 homens e 3.379 mulheres (2008)
Atenção: A informação existente neste portal pretende apoiar e não substituir a consulta médica. Procure sempre uma avaliação pessoal com um médico da sua confiança.

Sintomas

Os sintomas dependem da região onde está localizado o tumor. Os mais perceptíveis são perda de apetite e de peso, fraqueza, diarreia e tontura.

O tumor que atinge a cabeça do pâncreas provoca icterícia, doença que deixa a pele e os olhos amarelados (causada pela obstrução biliar). Quando o tumor avança, um alerta comum é a dor na região das costas, no início, de baixa intensidade, podendo ficar mais forte. Outro sintoma é o aumento do nível de glicose (açúcar) no sangue, causado pela deficiência na produção de insulina, principal função do pâncreas.

Diagnóstico

A localização do pâncreas, na cavidade mais profunda do abdômen, atrás de outros órgãos, prejudica a detecção do tumor, que em geral acontece tardiamente.

Entre os exames que podem ser solicitados estão os de sangue, fezes, urina, ultrassonografia abdominal, tomografia, ressonância nuclear de vias biliares e da região do pâncreas. A confirmação se dá por biópsia de tecido do órgão.

Tratamento

O câncer de pâncreas tem chances de cura se for descoberto na fase inicial. Nos casos onde a cirurgia é uma opção, o mais indicado é a ressecção (retirada do tumor).

Há, ainda, os procedimentos de radioterapia e quimioterapia, associados ou não, que podem ser utilizados para redução do tamanho do tumor e alívio dos sintomas.

Para pacientes com metástases (disseminação do câncer para outras partes do corpo) a alternativa, como paliativo (apenas para alívio dos sintomas), é a colocação de endoprótese.

Prevenção

Não fumar, evitar a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, além de adotar dieta balanceada, rica em frutas e vegetais, são medidas válidas para prevenir o câncer de pâncreas.

O tabaco aparece como principal fator de risco para o surgimento desse tipo de câncer. Quem faz uso do cigarro e seus derivados, tem três vezes mais chances de desenvolver câncer de pâncreas do que os não fumantes. E quanto maior a quantidade e o tempo de consumo, maior o risco. A doença também está relacionada ao consumo excessivo de gordura, de carnes e de bebidas alcoólicas, e à exposição a compostos químicos, como solventes e petróleo, durante longo tempo.

Pessoas que sofrem de pancreatite crônica ou de diabetes melitus, submetidas a cirurgias de úlcera no estômago ou duodeno, que sofreram retirada da vesícula biliar, bem como com histórico familiar de câncer têm mais chances de desenvolver a doença. Esse grupo deve se submeter a exames médicos periódicos.

AVC ou Derrame Cerebral

O Acidente Vascular Cerebral decorre da altração do fluxo de sangue ao cérebro. Responsável pela morte de células nervosas da região cerebral atingida, o AVC pode se originar de uma obstrução de vasos sanguíneos, o chamado acidente vascular isquêmico, ou de uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico.
- Acidente vascular isquêmico ou infarto cerebral: responsável por 80% dos casos de AVC. Esse entupimento dos vasos cerebrais pode ocorrer devido a uma trombose (formação de placas numa artéria principal do cérebro) ou embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e pela rede sanguínea chega aos vasos cerebrais).
Ataques isquêmicos transitórios, como o próprio nome indica, corresponde a obstruções temporárias do sangue a uma determinada área do cérebro. Geralmente, originada do acúmulo de plaquetas agregadas em placas nas paredes dos vasos ou formação de coágulos no coração. Os sinais e sintomas desse ataque são os mesmos do AVC, contudo tem duração de poucos minutos e deve servir de alerta para que o paciente procure assistência médica imediatamente, pois nesses casos o risco de um AVC é iminente.
- Acidente vascular hemorrágico: o rompimento dos vasos sanguíneos se dá na maioria das vezes no interior do cérebro, a denominada hemorragia intracerebral. Em outros casos, ocorre a hemorragia subaracnóide, o sangramento entre o cérebro e a aracnóide (uma das membranas que compõe a meninge). Como conseqüência imediata, há o aumento da pressão intracraniana, que pode resultar em maior dificuldade para a chegada de sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão. Esse subtipo de AVC é mais grave e tem altos indices de mortalidade.
Sintomas e sinais de alerta
Muitos sintomas são comuns aos acidentes vasculares isquêmicos e hemorrágicos, como:
  • Dor de cabeça muito forte, de instalação súbita, sobretudo se acompanhada de vômitos.
  • Fraqueza ou dormência na face, nos braços ou nas pernas, geralmente afetado um dos lados do corpo;
  • Paralisia (dificuldade ou incapacidade de movimentação);
  • Perda súbita da fala ou dificuldade para se comunicar e compreender o que se diz;
  • Perda da visão ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos.
Outros sintomas do acidente vascular isquêmico são tontura, perda de equilíbrio ou de coordenação. Os ataques isquêmicos podem manifestar-se também com alterações na memória e da capacidade de planejar as atividades diárias, bem como a negligência. Neste caso, o paciente ignora objetos colocados no lado afetado, tendendo a desviar a atenção visual e auditiva para o lado normal, em detrimento do afetado.
Aos sintomas do acidente vascular hemorrágico intracerebral podem-se acrescer náuseas, vômito, confusão mental e, até mesmo, perda de consciência. O acidente vascular hemorrágico subaracnóide, por sua vez, comumente é acompanhado por sonolência, alterações nos batimentos cardíacos e freqüência respiratória e eventualmente convulsões.
O que faço se tiver um avc?
O AVC é uma emergência médica. Se achar que você ou outra pessoa está tendo um, é preciso:
  • Dirigir-se com urgência ao serviço de emergência do hospital mais próximo para um diagnóstico completo e tratamento;
Tratamento imediato
Quanto mais cedo o paciente for atendido melhor o prognóstico e maior as chances de sobrevivência.
Um importante avanço no tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico foi o desenvolvimento de novas terapias capazes de dissolver o coágulo, como os trombolíticos, e restaurar o fluxo sangüíneo para o cérebro. Alguns tratamentos funcionam melhor se administrados até três horas após o início dos sintomas. O tratamento da hemorragia cerebral tambem é mais eficiente quando o paciente tem atendimento nas primeiras horas.
Infelizmente, a maioria dos pacientes não chega ao hospital em tempo de receber essas formas de terapias. De qualquer modo, todo paciente deve ser encaminhado ao hospital o mais rapidamente possível, para receber tratamento apropriado. Os procedimentos diagnósticos realizados no hospital são fundamentais para diferenciar o Acidente Vascular Cerebral de outras doenças igualmente graves e com sintomas semelhantes.
AVC É UMA EMERGÊNCIA MÉDICA
Enquanto novas terapias oferecem a possibilidade de um melhor tratamento para os pacientes com AVC, o desconhecimento dos sinais desta doença pelo público constitui o principal entrave para garantir maiores chances de êxito. O tratamento precoce do AVC na fase aguda é considerado essencial, mas só poderá alcançar sucesso quando a população e os serviços de emergência forem conscientizados da necessidade de se identificar rapidamente os sintomas e sinas do AVC, como acontece no infarto agudo do miocárdio.
OS CENTROS DE TRATAMENTO DE AVC E A PRESENÇA DO NEUROLOGISTA.
Para que o tratamento do AVC alcance os melhores resultados o paciente deve ser atendido por uma equipe multidisciplinar treinada e coordenada pelo neurologista com experiencia em AVC. Esse serviço deve funcionar vinte e quatro horas por dia durante os sete dias da semana. Esse centro deve possuir laboratório de emergência, serviço de tomografia computadorizada ou ressonância magnética e um apoio de uma unidade de tratamento intensivo (UTI).
Nessas circunstâncias, ou seja, o atendimento em centros de AVC oferece melhores resultados pois o uso sobretudo das novas técnicas de tratamento na fase aguda requer rigorosos protocolos de segurança.
É fundamental que as autoridades de saúde e diretores de hospital onde se atende AVC formem equipes para organização do tratamento.
AVC: Indício de outras doenças
Em pessoas que já sofreram um Acidente Vascular Cerebral há a possibilidade de existirem outras artérias, de diferentes partes do organismo, com coágulos e predisposição ao entupimento. Por isso elas possuem maiores chances de desenvolverem outros problemas de saúde. Essa é uma das conclusões do registro observacional REACH, que vem sendo conduzido em mais de 68 mil pacientes, em 44 países do mundo, inclusive no Brasil, para avaliar o perfil de risco de pacientes com alto risco de sofrer eventos aterotrombóticos, como infarto agudo do miocárdio, AVC e doença arterial periférica.
O registro mostrou que dos 19 mil pacientes avaliados que sofreram derrame, 40% também tiveram problemas em outras regiões vasculares, como no coração e nos pulmões. Um levantamento feito pela International Stroke Society (ISS) aponta para a mesma direção. Em torno de 15% dos pacientes que tiveram um AVC poderão falecer ou ser hospitalizados em decorrência de problemas nas artérias, como infarto ou um novo AVC, num período de um ano.
Fatores de risco
A maioria dos fatores de risco para AVC são passíveis de intervenção, portanto é possível se fazer um tratamento preventivo. A chamada prevenção primária.
Entre os fatores de risco que podem ser modificados destacam-se:
  • Hipertensão;
  • Diabetes;
  • Tabagismo;
  • Consumo freqüente de álcool e drogas;
  • Estresse;
  • Colesterol elevado;
  • Doenças cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias;
  • Sedentarismo;
  • Doenças hematológicas.
Existem contudo fatores que podem facilitar o desencadeamento de um Acidente Vascular Cerebral e que são inerentes à vida humana, como o envelhecimento. Pessoas com mais de 55 anos possuem maior propensão a desenvolver o AVC. Características genéticas, como pertencer a raça negra, e história familiar de doenças cardiovasculares também aumentam a chance de AVC.
Esses indivíduos portanto devem ter mais atenção e fazer avaliações médicas mais frequentes.
Reabilitação
Parte importante do tratamento, o processo de reabilitação muitas vezes começa no próprio hospital, afim de que o paciente se adeque mais facilmente a sua nova situação e restabeleça sua mobilidade, habilidades funcionais e independência física e psíquica. Esse processo ocorre quando a pressão arterial, o pulso e a respiração estabilizam, muitas vezes um ou dois dias após o episódio de Acidente Vascular Cerebral.
Um dos focos iniciais é evitar a espasticidade, rigidez nos músculos que pode provocar deformações que impedem o paciente de executar alguns movimentos. Essas deformidades formam-se a partir do permanecimento em posturas erradas devido à dificuldade de movimento..
O processo de reaprendizagem exige paciência e obstinação do paciente e, também, do seu cuidador que tem uma função extremamente importante durante toda a reabilitação. Ele é fundamental e o responsável e por dar os remédios nas horas corretas, em vista da possibilidade de esquecimento decorrente de alterações na memória.
Baseado na plasticidade cerebral, capacidade do cérebro de destacar células nervosas sadias para realizar funções de células danificadas, muitas técnicas utilizadas durante a reabilitação. Com isso, é possível grande recuperação dos membros lesionados.
Outro aspecto de considerável importância é a reintrodução no indivíduo no convívio social, seja por meio de leves passeios, compras em lojas ou quaisquer atividades comuns à rotina normal do paciente. Essa orientação é fornecida pelo Terapeuta Ocupacional outro profissional muito importante na reabilitação do paciente.
CONCLUSÕES
  1. AVC É UMA DOENÇA PREVENÍVEL E PARA ISSO DEVE-SE INTERVIR NOS FATORES DE RISCO.
  2. AVC PODE SER REVERTIDO, SE O PACIENTE É ATENDIDO IMEDIATAMENTE OU NAS PRIMEIRAS TRÊS HORAS.
  3. É POSSÍVEL ALCANÇAR UMA REABILITAÇÃO ADEQUADA.