quinta-feira, 18 de abril de 2013

CONSULTA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À GESTANTE

A consulta de enfermagem é uma atividade independente, realizada privativamente pelo enfermeiro, e tem como objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada e participativa. O profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede  básica de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do Exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87.
 
Durante a consulta de enfermagem, além da competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida, ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias. Para isso, o enfermeiro deve fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a criação de vínculo. Assim, ele poderá contribuir para a produção de mudanças concretas e saudáveis nas atitudes da gestante, de sua família e comunidade, exercendo assim papel educativo.
 
Os enfermeiros e os enfermeiros obstetras (estes últimos com titulação de especialistas em obstetrícia) estão habilitados para atender ao pré-natal, aos partos normais sem distócia e ao puerpério em hospitais, centros de parto normal, unidades de saúde ou em domicílio. Caso haja alguma intercorrência durante a gestação, os referidos profissionais devem encaminhar a gestante para o médico continuar a assistência.
 
Prestar assistência humanizada à mulher desde o início de sua gravidez – período quando ocorrem mudanças físicas e emocionais, época que cada gestante vivencia de forma diferente – é uma das atribuições da enfermagem nas equipes de AB. Outras atribuições são também a solicitação de exames complementares, a realização de testes rápidos e a prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública (como o pré-natal) e em rotina aprovada pela instituição de saúde. As atividades da(o) parteira(o) são exercidas sob supervisão de enfermeiro obstetra quando realizadas em instituições de saúde e, sempre que possível, sob controle e supervisão de unidade de saúde quando realizadas em domicílio ou onde se fizerem necessárias.
 
 
 
Enfermeiros devem:
 
Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da vacinação;Realizar o cadastramento da gestante no SisPreNatal e fornecer o Cartão da Gestante devidamente preenchido (o cartão deve ser verificado e atualizado a cada consulta)Realizar a consulta de pré-natal de gestação de baixo risco intercalada com a presença do(a) médico(a)Solicitar exames complementares de acordo com o protocolo local de pré-natal;
 
Realizar testes rápidos;
 
Prescrever medicamentos padronizados para o programa de pré-natal (sulfato ferroso e ácido fólico, além de medicamentos padronizados para tratamento das DST, conforme protocolo da abordagem sindrômica)Orientar a vacinação das gestantes (contra tétano e hepatite B);
 
Identificar as gestantes com algum sinal de alarme e/ou identificadas como de alto risco e encaminhá-las para consulta médica. Caso seja classificada como de alto risco e houver dificuldade para agendar a consulta médica (ou demora significativa para este atendimento), a gestante deve ser encaminhada diretamente ao serviço de referência
 
Realizar exame clínico das mamas e coleta para exame citopatológico do colo do útero;
 
Desenvolver atividades educativas, individuais e em grupos (grupos ou atividades de sala de espera);
 
Orientar as gestantes e a equipe quanto aos fatores de risco e à vulnerabilidade;
 
Orientar as gestantes sobre a periodicidade das consultas e realizar busca ativa das gestantes faltosas;
Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal, acompanhar o processo de aleitamento e orientar a mulher e seu companheiro sobre o planejamento familiar.

CATAPORA

A Catapora ou Varicela é uma doença infecciosa causada pelo vírus varicela. Embora a doença seja comum na infância (até os 10 anos), nem sempre é benigna e pode causar sérias complicações e lesões secundárias como: pneumonias, meningite, artrite e até infecções renais. A melhor maneira de prevenir a doença é através da vacina.
 
 
Transmissão/Contaminação
O vírus da varicela é transmitido através de contato direto, da saliva ou secreções respiratórias da pessoa infectada, espalhando-se pelo vento. O vírus da doença pode evoluir entre 5 à 7 dias e sua incubação pode durar de 10 à 15 dias. A transmissão começa dois dias antes do aparecimento da doença e só termina quando vão embora.
Com o aumento do ar seco, a proliferação da catapora fica ainda mais susceptível. O ministério da Saúde registrou os maiores números de catapora no Brasil durante os meses de agosto à outubro, entre o final do inverno e início da primavera.
 
Sintomas
O tempo médio de duração dos sintomas é de uma semana. Após dias de febre alta, começam aparecer os primeiros sinais, que normalmente são:
  • Febre alta;
  • Queda do estado geral;
  • Dor de cabeça;
  • Dor no corpo;
  • Cansaço;
  • Mal estar.
Além de manchas avermelhadas na pele, parecidas com picadas de inseto, que depois formam vesículas (bolhas cheias de líquidos transparentes que coçam bastante).
 
Prevenção e tratamento
O tratamento deve ser feito com repouso, isolamento e cuidado com as bolhas, para evitar infecções secundárias.
A vacina (método preventivo), que não é inclusa no calendário público, pode ser encontrada facilmente em clínicas particulares por um custo médio de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). A imunidade induzida pela vacina é de longa duração, talvez vitalícia: estudos japoneses mostram persistência da imunidade 20 anos após a vacinação.
A maioria dos estudos publicados indicam que a cada ano após a vacinação, cerca de 1 a a 3% das crianças vacinadas podem desenvolver uma erupção discreta conhecida como síndrome varicela-like leve, após exposição significante ao vírus da varicela. A frequência e a gravidade desses casos não aumentam com o passar do tempo após a vacinação.
 
Gestantes
A vacina é contra indicada na gravidez e ao se vacinar mulheres em idade fértil deve-se recomendar que a gravidez seja evitada durante um mês.
 
Cuidados
  • Evitar a contaminação das lesões por bactérias;
  • Não coçar as feridas, evitando a infecção e cicatrizes;
  • Adultos ou pessoas debilitadas, requerem ainda mais cuidados.

domingo, 14 de abril de 2013

Sorologia para HIV

Estima-se que mais de 33 milhões de pessoas em todo o mundo estejam atualmente contaminadas com o vírus HIV. Anualmente, entre 2,5 e 3 milhões de novas pessoas se infectam com o vírus. Cerca de 1/3 dos indivíduos contaminados não sabem que são portadores do HIV, pois nunca realizaram um teste para o diagnóstico, chamado sorologia para o HIV.

Desde a década de 1980 quando os primeiros testes para o HIV foram desenvolvidos, muita coisa mudou, principalmente em relação à janela imunológica, que inicialmente era de até 6 meses e hoje caiu para menos de 1 mês.
A sorologia para o HIV é um teste muito importante, pois o diagnóstico precoce aumenta as chances do paciente viver de modo saudável por muitos anos com vírus. Além disso, saber que é portador do HIV reduz risco de transmissão para outras pessoas.

Este artigo abordará os seguintes pontos sobre os testes de diagnóstico para o HIV:

  • Tipos de testes disponíveis.
  • Janela imunológica atual.
  • Quando repetir o exame para HIV.
  • Falso positivo para HIV.
  • Falso negativo para HIV.
  • Teste rápido para HIV.
Tipos de teste para HIV atualmente disponíveisExistem dois tipos de exames para detectar o HIV: o teste rápido para HIV e a sorologia tradicional.

Sorologia para HIV

A sorologia tradicional existe desde 1985 e é conhecida como ELISA (Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay). O ELISA pode ser usado para várias doenças além do HIV, sendo uma técnica que permite a detecção de anticorpos específicos no sangue. Neste tipo de teste não se pesquisa diretamente a presença do vírus, mas sim a existência de anticorpos contra o mesmo. Existem outras metodologias além do ELISA para se detectar anticorpos contra o vírus HIV, como o MEIA, EQL e ELFA e CMIA, mas o ELISA ainda é o método mais popular, por isso vou me ater apenas a ele.

A lógica do exame é simples, só haverá anticorpos contra HIV no sangue se o paciente tiver sido contaminado pelo vírus. Pessoas que nunca tiveram contato com o HIV não têm como desenvolver anticorpos contra o mesmo. O nosso sistema imune só consegue produzir anticorpos contra uma determinada doença se tiver sido previamente exposta ao seu agente causador, seja ele um vírus ou bactéria.

Os anticorpos são proteínas produzidas com o objetivo de combater agentes infecciosos específicos. Uma vez que o vírus HIV tenha entrado em nosso organismo, ele é imediatamente capturado pelas células de defesa e sua estrutura é analisada. A partir desta análise, o sistema imune torna-se capaz de produzir anticorpos diretamente voltados para combater este invasor. Sempre que entramos em contato com algum germe pela primeira vez, o corpo demora algum tempo para analisar sua estrutura e produzir anticorpos específicos. Porém, uma vez reconhecido, o paciente terá anticorpos para o resto da vida. Um anticorpo contra o HIV só ataca o vírus do HIV, ele é inócuo para outras infecções, como por exemplo, gripe ou catapora.

O tempo que decorre entre o momento da contaminação por um vírus e a produção de anticorpos suficientes para serem detectados na sorologia é chamado de janela imunológica. Portanto, quando falamos que um teste tem uma janela imunológica de 3 meses, isto significa que o exame só dará positivo 3 meses depois do paciente ter entrado em contato com o determinado vírus ou bactéria.

Nas últimas décadas a sorologia para HIV evoluiu muito. A primeira geração, usada na década de 1980 demorava até 6 meses para conseguir detectar anticorpos Hoje já estamos na 4º geração do ELISA, que é superior às gerações antigas pelo fato de não só identificar anticorpos contra o HIV mais precocemente, como também pesquisar o antígeno P24, uma proteína existente no vírus HIV. O ELISA 4ª geração é, portanto, um teste duplo que procura por anticorpos e pelo próprio vírus. Deste modo, a janela imunológica é bem mais curta e o teste consegue detectar infecções com menos de 4 semanas (em alguns casos em até 2 semanas).

A sorologias atuais procuram pela presença de anticorpos contra o HIV-1 (subtipo mais comum e agressivo) e HIV-2 (subtipo menos contagioso e menos agressivo).

Liberação do resultado para o paciente

Atualmente a taxa de falso negativo, ou seja, resultados negativos em pacientes positivos, para o ELISA é de 0,001%, se o teste for feito respeitando a janela imunológica de 1 mês. Isto significa que um teste para HIV negativo feito por um ELISA de 4ª geração é um resultado muito confiável. Cabe ressaltar, novamente, que é preciso respeitar a janela imunológica.

ELISA NEGATIVO PARA HIV: sempre que um paciente faz uma sorologia para HIV e o ELISA é negativo, este resultado é liberado para o paciente sem necessidade de outros testes. O protocolo indicado é fornecer o resultado com a seguinte frase: "Amostra Não Reagente para HIV".

ELISA POSITIVO PARA HIV: quando ELISA fornece um resultado positivo para o HIV, ele precisa ser confirmado por um outro exame, que pode ser um dos três métodos:
- Western blot
- Imunoblot
- Imunofluorescência indireta para o HIV-1

O resultado positivo somente é liberado se o exame confirmatório também for positivo. O Western blot, por exemplo, tem uma acurácia de 99,7%. Quando temos dois resultados positivos (ELISA + WB) a chance de falso positivo é desprezível.

O resultado positivo nas duas técnicas é liberado como: "Amostra Reagente para o HIV".

ELISA INDETERMINADO: algumas vezes o ELISA apresenta um resultado duvidoso, sendo incapaz de afirmar se há ou não a presença de anticorpos no sangue. Nestes casos com resultado indeterminado, o laboratório costuma entrar em contato com o paciente para solicitar uma nova amostra de sangue para que o teste possa ser refeito. O laudo do laboratório costuma referir: "Amostra Indeterminada para HIV". Este fato significa que houve um problema técnico com a amostra, que a tornou incapaz de fornecer um resultado confiável.

Quando o ELISA é positivo, mas o teste confirmatório com Western blot é negativo, o resultado também é liberado como "Amostra Indeterminada para HIV". Nestes casos, o paciente deve retornar ao laboratório em 30 dias para colher nova amostra de sangue.

Alguns fatores aumentam o risco de um resultado indeterminado, entre eles gravidez, presença de doenças autoimune e vacinação recente contra gripe.

Quando é necessário repetir um exame não reagente?

O exame não reagente para HIV é geralmente um resultado definitivo. Como já referido, se respeitada a janela imunológica de 1 mês, o risco de falso negativo é muito baixo. Porém, se o paciente acha que foi contaminado ou foi exposto a uma situação com elevado risco de contaminação, como sexo desprotegido ou acidentes com agulhas, sugere-se a repetição do teste após 30 dias. Se esta situação de risco aconteceu com alguém sabidamente HIV, ou seja, se o paciente tem certeza que foi exposto ao vírus HIV, sugere-se que o teste não reagente seja repetido duas vezes, uma aos 3 meses e outra aos 6 meses, para se descartar os raros casos de conversão tardia. É importante salientar que mesmo nos pacientes expostos ao HIV, um teste inicial negativo torna o risco de contaminação muito baixo. A repetição é indicada apenas porque há casos raros de seroconversão tardia e casos ainda mais raros de falso negativo (não existe exame laboratorial 100% perfeito).

Nos pacientes que fazem o teste para HIV apenas por rotina ou sem que tenha havido uma situação de risco relevante, um único resultado negativo é suficiente, não sendo necessária a repetição do exame.

Teste rápido para HIV

Os testes rápidos para HIV ganharam bastante popularidade a partir dos anos 2000. O teste rápido é aquele capaz de liberar o resultado em apenas 30 minutos. Este teste pode ser feito com uma pequena amostra de sangue colhida através de um furinho no dedo ou através da saliva, dependo do tipo de teste usado.

Os testes rápidos pra HIV têm uma sensibilidade um pouco menor do que os testes sorológicos tradicionais, porém, ainda assim, a sua taxa de falso negativo é baixíssima. Portanto, um resultado negativo no teste rápido tem o mesmo valor do resultado negativo na sorologia tradicional. Um resultado positivo deve ser confirmado pelo sorologia tradicional.

Em geral, indica-se o teste rápido naqueles casos onde deseja-se um resultado rápido. Ele é importante, por exemplo, para profissionais que se acidentam com agulhas (neste caso o teste é feito no profissional e no paciente) ou em grávidas que chegam em trabalho de parto sem terem realizado exames pré-natais.

Os pacientes com exposição ao HIV ou com comportamento de risco recente devem dar preferência ao teste tradicional, pois este ainda é o melhor exame para o HIV.